segunda-feira, outubro 26, 2009


MAAT, UM CONCEITO ÉTICO DE VIDA

"Faze justiça enquanto durares sobre a Terra"

Todas as religiões têm um conteúdo moral ao lado dos objetos de culto e a moral básica dos egípcios tinha o nome de MAAT. Ela foi criada antes do mundo e através dela o mundo foi criado. É quase impossível traduzir a palavra com exatidão, mas ela envolvia uma combinação de idéias como "ordem", "verdade", "justiça" e "retidão". Considerava-se Maat uma qualidade não dos homens, mas do mundo, infundida neste pelos deuses no momento da Criação. Assim sendo, representava a vontade dos deuses. A pessoa se esforçava para agir de acordo com a vontade divina porque essa era a única maneira de ficar em harmonia com os deuses.

Para o camponês egípcio, Maat significava trabalho árduo e honesto, já para o funcionário, significava agir com justiça.

Durante as amargas dificuldades e a desilusão que flagelaram o Primeiro Período Intermediário, surgiu por instante a idéia que Maat não era apenas uma qualidade passiva inerente ao mundo, mas que os súditos do rei-deus tinham o direito de esperar que fosse praticada. Isso representava um passo para o desenvolvimento de um conceito de justiça social.

Portanto, é mais importante "conservar Maat" (isto é, obedecer a lei) do que adorá-la. A própria Maat dá assistência nessa tarefa guiando, instruindo e inspirando os egípcios e após a morte ela é o princípio pela qual eles são julgados. Ela é a personificação da sabedoria!

No período helênico, os atributos de Maat foram absorvidos por Ísis.

Maat era portanto, a Deusa da Justiça e da Verdade, ligada ao equilíbrio (Libra) necessário para a convivência pacífica entre todos os seres. Maat rege o primeiro signo social do zodíaco egípcio. . Era filha de Rá, o Sol, e de um passarinho que, apaixonando-se pelo calor e pela luminosidade dos raios solares, subiu por eles até morrer queimado. No momento em que foi incinerado, uma pena voou pelos ares. Essa era a nossa Deusa Maat. Ela também foi a responsável pela união do Alto e do Baixo Egito, simbolizando com isso a força da união e os benefícios da justiça. Sem Maat, a criação divina, que é a Terra e seus habitantes, não poderia existir, pois tudo se afundaria no caos inicial.

Maat toca todos os aspectos da vida: independência, situações familiares, amor, ódio, temor, enfermidade, morte, eternidade, solidão, propósito e eleições. Não há situação que não possa ser enquadrada no esquema da verdade.

Na mitologia egípcia, Maat representa a Justiça e o Equilíbrio. Costuma ser representada como uma mulher jovem, com uma pluma de avestruz sobre a cabeça. Com essa pluma, ela pesava as almas de todos que chegassem ao seu Salão de Julgamento subterrâneo, depois que o indivíduo fizesse uma confissão negativa de 42 pecados (as 42 leis de Maat). Maat é, portanto, a própria verdade cultuada.

Esta bela confissão é uma das várias orações que os antigos egípcios recitavam todas as noites, antes de dormir:

Confissão a Maat

“Glória a Ti, Ó Grande Deus, Mestre de toda Verdade! Venho à Tua presença,

Ó meu Deus, para diante de Ti tomar consciência de Teus decretos.

Eu Te conheço e comungo contigo e com Tuas Quarenta e Duas leis que habitam contigo nesta Câmara de Maat...

E nessa verdade que venho comungar contigo, e Maat está em meu pensamento e em minha alma.

Por ti destruí a maldade.

Não fiz nenhum mal à humanidade.

Não oprimi os membros de minha família.

Não forjei o mal em lugar da Justiça e da Verdade.

Não convivi com homens indignos.

Não pedi para ser considerado o primeiro.

Não obriguei pessoa alguma a um trabalho excessivo em meu favor.

Não apresentei meu nome para ser objeto de honrarias.

Não espoliei os pobres tomando seus bens.

Não fiz homem algum passar fome.

Não fiz ninguém chorar.

Não infligi qualquer sofrimento a um homem ou animal.

Não espoliei nenhum templo de suas oblações.

Não adulterei nenhum padrão de medida.

Não invadi os terrenos de outros.

Não roubei terras.

Não adulterei os pesos da balança para enganar o vendedor.

Não falsifiquei a indicação do ponteiro para enganar o comprador.

Não tirei o leite da boca das crianças.

Não desviei a água de onde ela devia correr.

Não apaguei a chama quando ela devia queimar.

Não repeli Deus em Suas manifestações.”

“Sou puro! Sou puro! Sou puro!

Minha pureza é a pureza da Divindade do Templo Sagrado.

Por isso o mal não me acometerá neste mundo, eis que conheço as leis de Deus que são Deus. Cro-Maat!”

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